Guerra comercial entre EUA e China: Como as medidas protecionistas de Trump podem prejudicar o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando a imposição de uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses, uma medida que fica abaixo dos 60% prometidos durante sua campanha eleitoral. A decisão sobre as novas tarifas deve ser anunciada no início de fevereiro, e o Brasil pode ser afetado por essa ação.

Durante o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2021, a guerra comercial entre EUA e China resultou em um aumento nas compras de commodities brasileiras pela China, como soja e carnes, além de uma aproximação econômica entre os dois países. Com a intensificação do conflito, os grãos brasileiros, especialmente a soja, podem ganhar mais espaço no mercado asiático, com a China buscando diversificar seus fornecedores como resposta às sanções impostas pelos EUA.

No entanto, Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, alerta que, caso o novo embate comercial entre EUA e China resulte em um acordo mais vantajoso para os americanos, o Brasil pode ser prejudicado. “Estima-se que essa mudança possa reduzir as exportações brasileiras de soja em até US$ 3,5 bilhões, o que representaria uma perda significativa para a nossa balança comercial”, afirma Spiess.

Diferente do primeiro mandato, as sanções de Trump agora encontram uma China com uma economia pressionada por um setor imobiliário em dificuldades e uma queda no consumo interno, o que poderia amplificar o impacto das tarifas e desacelerar o crescimento chinês.

Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, destaca que a China é o principal destino das exportações brasileiras de minério de ferro, proteínas animais e grãos, setores diretamente ligados ao desempenho da economia chinesa. “Se a demanda interna da China enfraquecer devido à desaceleração econômica, isso pode reduzir o apetite do país por nossas commodities, pressionando os preços internacionais e afetando diretamente nossa balança comercial”, explica Monteiro. “Além disso, uma intensificação das tensões comerciais pode gerar instabilidade nos mercados globais, com reflexos negativos na economia brasileira, que depende fortemente do comércio exterior para sustentar seu crescimento.”

Portanto, embora o Brasil tenha se beneficiado no passado com o aumento das exportações para a China, o cenário atual traz riscos que podem afetar a economia do país, dependendo do desenrolar da disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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